Marcos Espínola: Massacre dos servidores

Recentes episódios constatam o óbvio: a violência no Rio se mantém e pouco avançamos, mesmo com a presença federal. Prova disso foi o que aconteceu na última semana, na qual inocentes e policiais, como uma turista espanhola, o comandante Teixeira, do 3º BPM, do Méier, e o cabo Djalma Veríssimo, em Guadalupe, engrossaram a triste estatística de vítimas dessa guerra que vivemos.

Mesmo assim, os velhos questionamentos sobre os agentes de segurança voltam à tona, porém, como sempre, sem uma análise mais profunda e responsável sobre as devidas circunstâncias. Em verdade, em nenhum momento se considera o fato de que cada um deles também é um cidadão e que sofre os mesmos efeitos da insegurança. O comandante e o cabo morreram simplesmente por serem policiais, o que no Rio significa ser uma caça constante dos criminosos.

Já na Rocinha são notórios os erros, a começar pela falta de fiscalização junto às agências de turismo. É inadmissível permitir o passeio turístico no local diante do clima de total apreensão em que se vive.

O disparo do policial envolvido no episódio poderia ter sido disparado por qualquer outro, inclusive das Forças Armadas, diante de uma ordem de parar desobedecida. Para os mais radicais, não há justificativa, mas não é bem assim. A polícia é alvo constante de bandidos, que têm exterminado quase um policial por dia.

Na Baixada, a discussão fervorosa entre um PM e uma médica também demonstra a situação-limite que vivemos. Dois agentes públicos, em tese em lados iguais, se desentendem sem perceber que ambos são vítimas da própria estrutura falha do Poder Público e de uma visão viciada de parte da sociedade. Se os dois recusam socorro, são considerados negligentes, principalmente pelos defensores dos direitos humanos.

Mas poucos consideram o fato de que eles convivem com as más condições de trabalho, sem recursos para o exercício da profissão. Nível incalculável de estresse altamente nocivo à saúde mental.

Essa reflexão é necessária. Entender onde começa a responsabilidade do Estado e onde termina a dos seus servidores. Em determinados momentos, como esses que citei, a decisão deve ser tomada num segundo, sob grande pressão e alta adrenalina. Servidores públicos, seja na Saúde, Educação ou Segurança, só se envolvem em tragédias por estar, na hora H, cumprindo o seu dever. E isso precisa ser levado em conta.

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