Marcos Espínola*
A crescente violência no Rio de Janeiro já ultrapassou as fronteiras do município há muito tempo. A Baixada Fluminense, por exemplo, historicamente e infelizmente, sempre foi uma região sangrenta, com altos índices de crimes. No entanto, essa complexidade, agora, é geral. A crise na segurança pública avança a passos largos e chega fortemente no paradisíaco litoral do Estado, o que até alguns anos era inimaginável.
O fato é que a região metropolitana está saturada. O avanço das comunidades em quantidade e extensão sufoca o meio urbano central, fazendo com que a criminalidade busque novos redutos e pontos férteis para a implementação do seu negócio, ou seja, o comércio de drogas e armas.
O poder do tráfico e a pulverização de facções, somados ao desemprego e a crise econômica impulsionam a violência e as mortes na região litorânea, como Cabo Frio, Búzios, Macaé, entre outras da Região dos Lagos. Da mesma forma Angra dos Reis, Paraty e toda a Costa Verde também viu o número de mortes aumentar nos últimos anos.
Seja para um lado, seja para o outro, a beleza natural, inerente a todos esses lugares, com vistas para belas montanhas, natureza, mar e belas praias, se contrastam com pontos de ônibus pichados com as siglas “CV”, “TCP” e “ADA”, em referência às facções Comando Vermelho, Terceiro Comando Puro e Amigos dos Amigos, as maiores do Estado e que vêm expandindo sua presença no interior. Isso significa cada vez mais tentáculos do tráfico para tudo quanto é canto do Rio de Janeiro.
Locais que antes eram admirados e frequentados pela paz que ofereciam, hoje se deparam com particularidades das grandes cidades brasileiras, como explosão de caixas eletrônicos, tiroteios etc. Alem da população local que sempre é a maior prejudicada, turistas constantemente tem sido vítimas dessa violência, sofrendo assaltos, roubos e balas perdidas. Até assaltantes chegando de barco tem acontecido nessas regiões.
Isso tudo reflete na vida dos cariocas e fluminenses, mas também na economia local, do estado e até do país, pois abala o turismo doméstico e externo. Enfim, as regiões de veraneio das férias familiares, pouco a pouco estão se transformando em refúgios de criminosos que promovem um verdadeiro avanço do crime no litoral do Rio de Janeiro.
*Advogado criminalista