Segurança fora de foco

Marcos Espínola*

Repetir que a violência cresce no Rio de Janeiro é desnecessário. Dizer que a população está “pagando essa conta” também, pois as sucessivas mortes por bala perdida se acumulam, acabando com a imagem de Cidade Maravilhosa, o que já é um fato. E a suposta ajuda do governo federal pouco contribui para solucionar o problema, pois sem um planejamento para médio e longo prazo colocam as forças armadas na rua e não geram qualquer resultado, apenas gastos.

Estamos no “olho de um furacão”, sem sair do lugar, mas sacudidos violentamente. A menina Emily e o jovem Jeremias representam a tragédia nossa de cada dia. A banalização da vida humana. E como sempre acontece, lá vem o exército “jogado” na Rua, sem planejamento ou estratégia. Megaoperações que geram apenas gastos sem efeito.

Por outro lado, a inteligência policial agoniza sem investimento. Mais de 50% dos cargos previstos para a polícia civil estão vagos. Mais de 13 mil vagas disponíveis que ultrapassa o efetivo atual. Um absurdo que contrasta com as fortunas gastas com tanques de guerra que da mesma forma que chegam e se vão sem resolver o problema.

Falta foco e visão e enquanto isso as polícias civil e militar estão sucateadas e, assim, investigação e policiamento urbano ficam comprometidos. Não é difícil entender o porquê do aumento dos roubos de cargas, dos assaltos, latrocínios e balas perdidas. Falta gente e faltam condições para o efetivo existente.

Em vez de pirotecnia, o mais inteligente seria potencializar o Estado e, consequentemente, as forças treinadas para o policiamento urbano. Não adianta só invadir favela. É preciso a manutenção da ordem no asfalto. Para isso, são necessárias condições de trabalho adequadas para as polícias. Passamos da hora de investir nas instituições que bem preparadas e equipadas são aptas para combater o crime.

Segurança pública não se faz com tiros. Requer inteligência. Não é perseguir viciado, mas mapear a rota do tráfico, inibindo sua ação. É rastrear o contrabando de armas e sufocar a comercialização de ambos. É investigar, descobrir e punir os colarinhos brancos por trás dessa cadeia do narcotráfico. Só assim caminharemos.

Num estado cujo balanço anual contabiliza mais de 6 mil mortes violentas não cabe mais irresponsabilidade e nem empurrar o problema com a barriga. O Rio está se acabando.

* Advogado Criminalista

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